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Ilha de Marajó. Tô nem aí?

Por José Lima
Segunda, 26 fevereiro 2024

A exploração sexual infantil na Ilha do Marajó, no Pará, voltou à tona nesta semana, após a música “Evangelho de Fariseus”,  que se diz de passagem, pura realidade encontrada nas igrejas, a jovem evangélica (cantora)  Aymeê, viralizou na internet ao citar diretamente a Ilha de Marajó, que faz parte do arquipélago paraense e as violações dos direitos humanos (agressão criminosa) das crianças daquele arquipélago.

Todo mundo sabe que o turismo brasileiro em grande parte, é composto de exploração sexual e tráfego de drogas, e agora vem mais uma vez a tona o tráfego de crianças,  mas todo mundo fecha os olhos.

No ano passado a senadora Damares Alves, fez a denuncia a respeito da questão do Marajó, mas não encontrou apoio o suficiente para levar adiante uma atitude que terminasse com a situação, inclusive sofreu ameaça de perder seu mandato por divulgar “fake”, isto prova a ‘força’ das organizações criminosas em se manterem neste tipo de atividade, que é muito lucrativa. Em 2020 foi criado um programa chamado "Abrace Marajó" pelo Decreto nº 10.260, de 3 de março de 2020,do governo federal onde um dos braços do programa era o combate a exploração infantil e combate a venda de órgãos, mas foi suspenso pelo Decreto 11.682 em 2023, claramente mostrando a força que o turismo sexual tem.

A cidade de Melgaço, por exemplo, situado em Marajó, ficou na pior posição do ranking de IDH do País no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, com um índice de 0,418 num intervalo que vai de 0 a 1. O índice abaixo de 0,499 é considerado muito baixo. O Pará tem mais sete municípios nessa condição, na ilha o índice de analfabetismo beira a 50%, a ilha tem pouco mais de 600 mil habitantes onde maioria mora em zona rural.

Apesar da grande influencia política e força que o crime tem, apesar de muito dinheiro que circula com este tipo de crime, apesar de os próprios pais “venderem” seus filhos para o crime, apesar de muitas vezes a policia tentar reprimir e não conseguir, foi apenas uma música de uma “jovenzinha” certamente inspirada pelas forças “espirituais”, conforme Apocalipse 6:10, onde a vós dos inocentes clamam por justiça, já que Aymeê é uma evangélica consagrada a sua crença, deu sua voz para a vós das crianças sacrificadas.

Tô nem aí? Temos sim, afinal em Marajó, é uma concentração deste tipo de crime, mas na realidade do outro lado da nossas ruas estes crimes também acontecem e nós sim, não estamos nem aí, mas quando chega a nosso porta, então nos importamos, gritamos, reclamamos, e choramos.

José Carlos Lima - Jornalista | R.P. 10.639

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